Uma explosão de violência em dados

Em 2024, foram 61 conflitos armados ativos envolvendo Estados, o número mais alto desde que a Uppsala Conflict Data Program (UCDP) começou a registrar em 1946. Dessas, 11 atingiram o nível formal de guerra, com mais de 1.000 mortes em um único ano, um pico não visto desde 2016.

Apesar de o número total de mortes ter diminuído levemente em comparação a 2022, ainda se estimam quase 160 mil mortes por violência organizada em 2024.

A guerra mais letal continua sendo a da Ucrânia (~76 mil mortes em 2024), seguida pelo conflito em Gaza e no Líbano, com cerca de 26 mil mortes — 94% delas eram civis ou de identidade desconhecida.

Além disso, as violações intencionais contra civis cresceram 31%, com cerca de 13.900 mortes em ataques diretos, principalmente por parte do grupo jihadista Estado Islâmico (IS) na República Democrática do Congo (~3.800 vítimas), sendo 2024 uma bateria sombria de violência contra os que menos têm culpa.

O índice de eventos violentos, segundo a ACLED, praticamente dobrou nos últimos cinco anos — de cerca de 104.000 para quase 200.000 confrontos registrados, com mais de 233 mil mortes estimadas em apenas um ano.

O mundo paralisa pelo deslocamento

Até abril de 2025, mais de 122 milhões de pessoas foram forçadas à fuga devido à guerra e perseguição, segundo o ACNUR.

Destacam-se:

  • Sudão: >14 milhões de deslocados — maior crise global de deslocamento —, incluindo milhões internamente e como refugiados.
  • Ucrânia e Afeganistão: cerca de 8,8 milhões e 10 milhões de deslocados, respectivamente.

Sudão: o epicentro do caos

Desde abril de 2023, o conflito no Sudão degenerou em uma das maiores tragédias contemporâneas:

  • Estima-se que 150 mil pessoas morreram, com a morte de 522 mil crianças por desnutrição e uma fome manchada pelo humano, não pela natureza.
  • 12 milhões de pessoas deslocadas internamente, e 4 milhões refugiadas nos países vizinhos.
  • Economia caída: contração de 40% em 2023, expectativa de mais 28% em 2024; danos estimados em US$ 9 bilhões e saque de US$ 40 bilhões em propriedades e bens.

Outro golpe sombrio: o surto de cólera em Darfur causou quase 100 mil casos suspeitos e mais de 2.470 mortes, impulsionado pela destruição de infraestrutura básica.

Gaza: uma cena de aniquilação humanitária

Na Faixa de Gaza, a guerra deixou marcas que não se curam:

  • Até agosto de 2025, mais de 60.138 pessoas morreram, uma a cada 37 habitantes — as vítimas são majoritariamente civis, com ao menos 50% sendo mulheres e crianças.
  • As estimativas consideram 93 mil mortes por ferimentos traumáticos até maio de 2025, representando até 4–5% da população pré-guerra.
  • A destruição é total: 92% das casas danificadas, metade dos prédios, mais de 400 mil residências, quase 500 escolas, 22 hospitais parcialmente operantes, além da água potável escassa.

A Filosofia da Ignorância Humana

É revoltante constatar que — apesar dos argumentos históricos, ideológicos ou estratégicos apresentados como justificativas — estas guerras são ditas pelos homens, mas mostram a ignorância que ainda promove tanta brutalidade. Se, como espécie, nos pavoneamos com nossos avanços tecnológicos, filosóficos e artísticos, por que persistem lideranças autoritárias que teimam em conduzir sociedades à destruição?

No século XXI, em plena era da interconectividade, a guerra não tem mais sentido: ela é síntese da falência moral e institucional, revelando que governantes seguem presos ao autoritarismo e à cobiça pelo poder — cegos para o alcance da devastação que seus próprios atos provocam.

Essas guerras nos lembram, dolorosamente, que ignorar o outro, negar a dignidade universal, é o triunfo da ignorância política e moral. Num mundo com potencial para cooperação global, onde a comunicação, o conhecimento e a empatia poderiam florescer, a guerra ainda é o mais amargo dos retrocessos.


Um Chamado à Transformação

Se há algo que podemos reafirmar com vigor é que nem uma única morte se justificaria, num tempo em que a paz é mais necessária, mais possível. Lideranças sábias deveriam investir em soluções de convivência, resiliência e justiça — não em armas, muros e autoritarismo.

Este artigo é um grito — filosófico, certo, indignado — que exalta o direito à humanidade, à memória e à esperança. É uma convocação para que cada leitor entenda: a guerra é a expressão máxima da fraqueza política e da ausência de visão.

Não podemos aceitar que líderes ignorantes conduzam milhões à destruição. Precisamos da coragem de imaginar um mundo onde o saber, a razão e a compaixão vençam essa guerra contra a própria humanidade.

🔥 As 10 Principais Guerras e Conflitos do Século XXI (2024–2025)

1. Ucrânia vs. Rússia

  • Mortes (2024): ~76.000
  • Deslocados: 8,8 milhões de refugiados + milhões de deslocados internos
  • Impacto econômico: PIB da Ucrânia caiu quase 30% desde 2022; infraestrutura devastada
  • Reflexão: A guerra da Ucrânia é a prova de que ainda se luta com lógica imperial do século XIX. A Rússia, presa ao orgulho expansionista, insiste em forçar fronteiras à custa de vidas humanas.

2. Conflito Israel – Hamas (Gaza)

  • Mortes (2023–2025): >60.000 (maioria civis, incluindo mulheres e crianças)
  • Deslocados: ~2 milhões de pessoas em Gaza praticamente sem abrigo
  • Perdas: 92% das casas danificadas, colapso de hospitais, escolas e sistemas de água
  • Reflexão: Aqui a ignorância se multiplica — ambos os lados dizem lutar por “segurança” ou “libertação”, mas a realidade é um genocídio contínuo, que anula qualquer noção de civilização.

3. Sudão (guerra civil entre Exército e Forças de Apoio Rápido)

  • Mortes: ~150.000 até 2025
  • Crianças mortas por fome: >500.000
  • Deslocados: 14 milhões (maior crise de deslocamento no mundo hoje)
  • Perdas econômicas: PIB em queda de 40% em 2023 e mais 28% em 2024
  • Reflexão: O Sudão revela o absurdo da negligência internacional. Enquanto líderes jogam pelo poder, milhões são varridos pela fome e doenças — um holocausto ignorado.

4. Myanmar (guerra civil contra junta militar)

  • Mortes: ~50.000 desde 2021
  • Deslocados: >2,6 milhões
  • Perdas: economia colapsada, campos inteiros queimados
  • Reflexão: Myanmar é o exemplo clássico da tirania autoritária que oprime um povo em nome da “ordem”. A luta aqui é a batalha eterna entre liberdade e autoritarismo.

5. Etiópia (Tigré e outros focos)

  • Mortes (2020–2022): até 600.000
  • Retorno da violência (2023–2025): novos focos em Amhara e Oromia
  • Deslocados: milhões em campos de refugiados
  • Reflexão: Mesmo após acordos de paz, o ciclo de violência mostra que onde não há justiça, não há reconciliação verdadeira.

6. Síria

  • Mortes totais (2011–2025): >500.000
  • Deslocados: ~6,8 milhões refugiados externos + 6 milhões internos
  • Perdas: economia reduzida a escombros, cidades arrasadas
  • Reflexão: A Síria é a ferida aberta da humanidade. O silêncio do mundo confirma que se naturalizou o horror.

7. República Democrática do Congo (Nordeste – Estado Islâmico, M23 e outros)

  • Mortes (2024): ~20.000, incluindo 3.800 civis mortos pelo ISIS-África
  • Deslocados: milhões em fuga em Kivu do Norte e Ituri
  • Reflexão: O Congo é vítima de guerras esquecidas. Os que mais sofrem são invisíveis, esmagados entre milícias, governos e corporações que saqueiam suas riquezas minerais.

8. Sahel (Burkina Faso, Mali, Níger)

  • Mortes (últimos anos): >40.000
  • Deslocados: >3 milhões
  • Perdas: colapso agrícola, fome iminente
  • Reflexão: No Sahel, grupos jihadistas e golpes militares transformaram a região em um tabuleiro de caos. A população é usada como moeda de poder.

9. Iêmen

  • Mortes totais (desde 2014): ~377.000 (muitos por fome e doenças)
  • Crianças em risco: >11 milhões dependem de ajuda humanitária
  • Reflexão: O Iêmen é a maior prova de que guerras por procuração (Arábia Saudita x Irã) condenam inocentes por interesses estratégicos.

10. Colômbia e México (violência de cartéis e guerrilhas)

  • Colômbia: conflitos com ELN e dissidentes das FARC ainda geram mortes e deslocamentos
  • México: >30.000 homicídios anuais, muitos ligados a cartéis — comparável a zonas de guerra
  • Reflexão: Aqui a guerra não se chama “guerra”, mas é. O crime organizado substituiu exércitos, e populações inteiras vivem sitiadas pelo medo.

🌎A Guerra como Espelho da Ignorância

Ao olharmos esses dez conflitos, percebemos que não é a tecnologia que define a evolução da humanidade, mas sua capacidade de convivência. E nesse ponto, ainda somos medievais.
Líderes autoritários, grupos armados e interesses geopolíticos mostram que a humanidade, mesmo em pleno século XXI, insiste em repetir os erros mais básicos: o poder acima da vida, a ambição acima da dignidade, a violência acima da razão.

A guerra é a falência da inteligência humana — o fracasso coletivo de transformar diálogo em ponte.

Para mais fontes:

The Guardian

The Washington Post

Wikipedia

UU.SE

Reuters

By JMarzan

O Espelho da Tragédia: Conflitos Atuais e seus Impactos
Tags:                     
error: Conteúdo Protegido !!